sábado, março 29, 2008

memórias


Noite de lua cheia,
tu no meu pensamento.
Por mais que não queira,
profundo desalento.

Águas passadas;
incontroláveis saudades;
rasto de pegadas
aqui nesta cidade.

Águas passadas
nadar ou afogar?

Incontroláveis saudades
Até à eternidade.

Rasto de pegadas,
importantes demais,
para serem apagadas.

Trilho difícil,
talvez impossível.
Mas muito apetecível.
Irresistível.

quarta-feira, março 12, 2008

Ser ninguém



Não sei ser poetisa.
Voo com as palavras
Pela ponta de uma caneta
Num tempo qualquer,
Num instante de euforia.

Sinto pelas palavras.
Ai, se sentissem como eu sinto
A palavra amor, dor e cor,
Seriam Homens de alma poética,
De consciência artística
Sem artista ser.

Escrever é como gritar…
É dizer coisas sem nexo.
Sentir-se só,
Ouvir o eco impresso no papel.
Escrever é a liberdade
De quem se sente preso.

E eu presa me sinto.
Amarrei-me sozinha,
Num efémero delírio
De um génio ignorante.

Não sei ser alguém.
Sou só as palavras aqui escritas,
Os sentimentos sufocados,
A alma de ninguém.

quarta-feira, março 05, 2008

Fodasse


Vamos foder a vida?
Antes que ela nos foda a nós…
É difícil mas juntos a foderemos
Tão bem que ela irá gemer de prazer.
E nós rir-nos-emos cinicamente
Com um sorriso maléfico de quem
Se Deus acha, ou neste caso, Satanás.

Fodasse para o belo pôr-do-sol!
Fodasse para os passarinhos a chilrear!
Fodasse para a amizade!
Fodasse para ti! E para mim!
E fodasse ainda para o amor!
Que esse sim, fode-nos bem!
E nós nem conseguimos reagir.

Fodasse para o carinho!
Fodasse para a ternura!
Fodasse para as lindas palavras!
Fodasse para as saudades!
Fodasse para o coração!
Fodasse para o romantismo!
Fodasse que eu já me fodi!