terça-feira, abril 29, 2008

futuro...


Fiz 18 anos no domingo. Ainda sou uma miúda mas já vivi muito, não demasiado, contudo o suficiente para saber que a vida tem todas as cores do arco-íris e todos os trovões do mundo.
Tenho uma infinidade de arco-íris e de trovões para ver e sentir, ou recordar e chorar. Sei que sou amada. Sei que quero ser amada. Mas sei também que quero que me deixem em paz, sozinha comigo, sem alma.
Sou um ser do mundo e acha-o muito pequeno porque não quero nada dele. Mas sei que ele me vai dar o mundo.
Sei, porque sei! Sei, porque o sinto! Sei, porque o mundo é meu!

domingo, abril 20, 2008

Lágrima


Lágrima fugidia
Quente e acolhedora
Um ápice de dor
Na água da pureza

Sabor popular
Como o daquele doce
Comido um dia.
Sabor fraternal
A lágrima do dia-a-dia.

sábado, abril 12, 2008

voar para longe


Voar para bem longe. E ficar mesmo aqui.
Sentir o beijo das palavras. O vento a acariciar-me ternamente. A música embalando os meus pensamentos. Parece delicioso. É delicioso. Talvez feérico.
Fecho os olhos por um instante. A imagem escura substituída por um mar que jaz na memória; com um cheiro que aromatiza a alma. Um imbróglio de sensações que parecem tocar suavemente, arrepiar e confortar.
Mas não passa de passado, intensa e mentalmente revivido. Continuas longe ou perto. Não sei. Perdi a noção do espaço. Sei porém que me encontro aqui sentada na penumbra, a pensar no estrangeiro do meu coração, em que de repente te tornaste.
Vem ou volta para mim! Molha-me como a chuva! A água se confundirá com as lágrimas. E todas as gotas eu guardarei preciosamente. Uma lembrança de ti, uma melancolia para mim.
Agradáveis palavras essas de ouvir; de proclamar e sentir. E abraçar e fugir. E voltar!
Na vida que não cessa de surpresas, tu és a minha maior surpresa. Dia após dia, mês após mês, ano após ano, te encontro transfigurado em alguém tão sempre familiar. Abraço-te sem saber quem estou a abraçar. Um desconhecido ou a minha pedra nuclear?! Olho-te e não sei o que me acontece. Como diz o outro, talvez seja feitiço… Manténs-me perto, longe. Presa a ti por muito distante que estejamos.
Cair em ti parece destino. Conhecer-te foi destino. Mas o que é o destino?!
Um sussurrar bloqueia-me os movimentos. Aprazível sussurrar. Leva-me com ele nas partículas serenas do som. Vejo rostos. Não passam disso. Não encontro alguém que me faça lembrar de ti. Não te encontro a ti. Regresso ao meu eu e sorrio. Ouço alguém chamar por mim. Certamente não és tu. Mas sim um daqueles rostos, que carrega o meu sorriso…
Tu também já o carregaste tantas e tantas vezes… Agora recebes uma parte suburbana do meu ser. Sei que é confuso, difícil de entender, mas também não é isso que anseio. Queria simplesmente sentir-me próxima de quem nunca me consigo abstrair.
Proteger-te e acompanhar-te, como o peluche que todas as noites vigia os teus sonhos. Dás-lhe a mão e tranquilamente adormeces…ou choras… Essa lágrima tormentosa, me magoa e estripa, na impotência de mutilá-la do teu rosto. Não queiras que não me sinta mal por não ser sempre o ombro que precisas! Lamento tanto cada lamento calado! Mas com isso fui aprendendo como as palavras são bonitas. Foi contigo que a vida me ensinou muito. Foste tu.

sábado, abril 05, 2008

calmo pecador


Calma, tal maré que embala
As suas naus amadas
Com mil beijos no casco.
Navegando eu vou
Neste mar só meu!
Não tenho medo.
Não tenho pressa.
Sofro da serenidade
Dos dias de céu azul,
E soalheiro, da sua brisa suave
Que me acaricia o corpo.

Vento divino que me rodeia.
Divina não sou,
Nem quero ser.
Corta-me a respiração
Os momentos de terríveis,
Impuros prazeres.
E eu já nem respiro.
Vivo pela graça dos pecadores
Que em paz o são.

Mendigo da esquina,
Rosto da fama.
Somos um só.
Os dois um santificado pecador
Puro de pecados.
E de pecados puros.