quarta-feira, dezembro 31, 2008

traição

O meu coração fez-me perder a cabeça, e isso, fez-me perder uma amiga. Não devia, sei que não devia, mas foi o destino que quis isto, não fui eu. O destino levou-me ao encontro da única pessoa de quem eu devia andar desencontrada. Parece que estava tudo preparado para eu te desiludir e perder uma amizade.

Ele abriu-me os braços ainda com o pensamento em ti, e eu abracei-o dando-te uma facada pelas costas. De seguida, tomei o corpo dele e levei-o para a cama num impulso que desejo repetir. Foi e continua a ser mais forte que eu. 
Desculpa...

segunda-feira, novembro 17, 2008

Lost


Se os teus olhos me olhassem como os meus te olham

Saberias que o tempo congela naquele momento.

Tudo fica suspenso. E nesse instante eu perco-me em ti.

Perco-me na efemeridade de uma troca de olhares.

 

Fica comigo hoje, só hoje,

E eu prometo que de ao meu lado não mais irás sair.

Por que eu vou manter-te aqui, bem junto a mim,

Nos meus braços envolvido, protegido como uma criança.

 

O mar ouve os meus suspiros ao longe.

E puxa-me para nele partir sem ti,

Mas eu vou ficando aqui, onde tu sempre me encontras

Onde tu sempre me deixas.

segunda-feira, outubro 13, 2008

sob o luar


No luar da noite
Eu entreguei-te o meu corpo
Numa floresta virgem
Que os nossos nomes gritava.

Sem esperar nada em troca,
Passei-te a mão na cara e fechei os olhos.
Levaste-me junto a ti para lado nenhum
E assim fomos para muito longe.

As árvores respiravam connosco
Em uníssonos suspiros
Que ignoravam o tempo
E me faziam querer-te mais.

As estrelas não estavam só no céu,
Tinham descido à terra,
E assim nos viram,
A fundirmo-nos um no outro.

domingo, outubro 05, 2008

...

Não há talento nas minhas palavras,
Nem sei onde os outros o encontram.
Talvez nas profundezas deles mesmos,
Ou quem sabe nos olhos toldados
Por uma remota esperança na juventude.
Até pode ser belo, mas e se for?
É triste. Por isso não devia ser belo.
Cada gota de tinta de cada letra escrita,
Expressa gotas de lágrimas não escorridas.
E toda a dor fica numa caixa retida.
Uma caixa de recordações
Que qu transporto comigo.
Com ela viajo para longe, e à custa disso,
Sei que o tempo é inútil, a distância irrelevante.

quarta-feira, setembro 24, 2008

Morrer no teu regaço


Conheço os teus traços
Como se fossem os meus.
Beijo os teus pensamentos
Com a ternura que te beijo.

Mas hoje os meus lábios
Ficam frios na tua pele,
Morrem com a falta
Do sopro ofegante.

Necessito que me abraces.
Preciso de acreditar
Na pessoa que julgava seres.
Sussurra-me ao ouvido.

Diz que erraste.
Assume que te adoro
Sem mereceres.
Sente a minha desilusão.

Então, depois, deixa-me simplesmente morrer!
Morrer nos teus olhos,
Morrer nos teus lábios,
Morrer nos teus braços,
Simplesmente morrer...ao teu lado!

domingo, agosto 24, 2008

Eu e tu


Raros os momentos em que o vento não passa trazendo o teu perfume. Um cheiro inagualável que eu absorvo calma e desesperadamente.
Retenho em mim a tua memória, o teu toque, o teu olhar, a tua força. Sou agora duas pessoas. Tenho em mim a tua alma e ela não me deixa desiludir-te; pega na minha ao colo quando preciso para que eu nunca me perca. E, assim permanecemos uma só pessoa, porque estejas onde estiveres, sei que em mim estarás sempre.

quinta-feira, agosto 07, 2008

Liberdade



O mar olhando
Por lágrimas que dos meus olhos escorrem.
O mar salgado comunga o sabor destes rios
Que na minha face têm o seu caudal
E nos seus leitos a minha dor.
Uma dor de várias dores
Que o meu corpo usou
Para se desfazer em pedaços.
A corrente exibe a esperança
De quem quer que esta água
Leve a dor consigo…
Rumo a um mar de libertação…

segunda-feira, julho 14, 2008

olhar pecador

As mãos fogosas
Seguem o calor do corpo
Imanado do desejo.
Os olhos possuem outro corpo,
Na loucura de um momento
Que alerta todos os sentidos.
E o sangue esvai-se por dentro,
Jorra sem sentido.
A pulsão não pára.
Fica mais forte, mais desassossegada.
A paz está longe.
Emaranhou-se na culpa de um olhar pecador.
E suspensa ficou
Perdendo-se nas partículas do ar.

domingo, junho 29, 2008

A vida




Em tanques de guerra
Pela luta nos campos de batalha travada
Com espadas de dois gumes
E sangue venenoso,
Erguemos a honra e manchamos as mãos.
Tatuamos o nome dos rivais
No corpo nu de esperança.
E em seguida lavamos o rosto e somos outros.
Renascemos das cinzas,
Mas continuamos a servir a vingança,
De quem nunca se olhou a si mesmo.

Para sentir, pegamos na arma e disparamos.
Bebemos o sangue, sedentos de poder.
Gememos deliciados.
Controlamos as rédeas da vida
Ao mesmo tempo que olhamos para cima
E lá não vemos ninguém.
Estamos no topo, podemos ejacular
E dar continuidade ao legado de arrogância.

Depois recolhemos as feridas e partimos
Para sarcasticamente dizer “ADeus”

quarta-feira, junho 11, 2008



Letras num papel impressas
Que se habituaram ao meu olhar,
Ao meu toque incessante.
Leio-as e percebo o seu relato
De um futuro ante-previsto.
Escrevias que me perdeste.
Procuraste manter viva a chama,
Ou pelo menos a faísca,
De uma louca amizade,
Mas as palavras cumpriram o seu destino.

Perdemo-nos na distância,
Destruidora de febris laços
Que apagou as imagens projectadas
De momentos ainda não vividos.
Os outros ficaram na memória
Porque a esses a distância não chega.

No sufoco de um grito rouco
O teu nome não se libertou da minha boca
Ficou preso no vazio que em mim te pertence.
Nas fotografias eu no teu peito descansava.
Nas cartas a amizade durava.
Na realidade isso não passava de nada.

E eu carrego a mentira no bolso.
Numa carta esperançosa
Que agora me faz desacreditar
E me pesa no olhar.

quarta-feira, junho 04, 2008

Os mendigos da sociedade


O tempo vai e nunca mais volta.
Deixa-nos presos na revolta,
Com a desilusão no olhar,
E a glória na imensidão do mar.

O ontem parece que não foi nosso,
O hoje é só um fraco esboço
De um futuro pressuposto
Nas amarguras de um rosto.

Somos um compasso da música.
Desafinamos toda a acústica
Somos os mendigos da cidade,
As vítimas da sociedade.

quinta-feira, maio 22, 2008

aqui sentado no escuro abandonado


Aqui sentado
no escuro abandonado
eu fujo de mim
e encontro-te a ti.

Quero ser quem és
remar contra a maré
subir ao céu
e olhar por quem adormeceu.

Vigilante de sonhos
guarda-costas da alma
assim para sempre
até não se ver viva alma.

Aqui sentado
no escuro abandonado
eu fujo de mim
e encontro-te a ti

Um dia não são dias
quando estou ao teu lado
a ver o céu azulado
e o coração se agita apaixonado

Entre canções, musicas de amor
eu chamo por ti,
gostava que aqui estivesses,
comigo, a sufocar de ardor.

terça-feira, maio 06, 2008


Perco as noites a pensar em ti
E sinto-me morrer mais devagar.
Ao invés definho, contigo
Pela mão em sonhos distantes.

Espero e desespero à tua espera.
Afastei-te para te poder esquecer.
Mas o amor passa pelo tempo e pela distância,
E faz a vida passar por ele.
E eu não sabia disso
E entreguei-te a minha vida.

Agora quero-a de volta.
Mas ela nunca mais vai ser a mesma.
Já não sei que vida desejo, que ar respiro.
Deixei-te entrar no meu restrito jardim,
Onde só entra quem eu quero.
Nele te confundiste com uma flor.
E eu destruí o meu jardim para expulsar esta flor.
Mas nunca mais a encontrei.

Criaste raízes algures, num qualquer recanto.
Hoje és a erva daninha de todo o meu jardim,
De todo o ser que já fui e não vou ser mais.

Ensinaste-me a palavra amor.
E consequentemente dor.
Por isso e por todas as noites sem dormir,
Um muito obrigado

Por que não saber amar é não viver

sexta-feira, maio 02, 2008

O tapeteiro aéreo


Era uma vez…

Um homem viúvo que vendia, porta-a-porta, tapetes voadores. Um homem de feições tristes, fustigado pela solidão que a morte da sua mulher lhe causou.
Um dia, em trabalho, dirigiu-se a uns andares onde nunca havia ido.
Chegado ao último apartamento, e já com duas vendas efectuadas naquele prédio, abriu-lhe a porta uma mulher incrivelmente bela. E então o homem sentiu o que julgava impossível voltar a atacá-lo… O seu coração parecia que estava a participar numa corrida de tão acelerado que batia. Uma corrida onde ele não se tinha inscrito…
Incapaz de falar, ficou especado a apreciar o que lhe parecia uma miragem. A senhora, achando estranho o vendedor não dizer nada, perguntou-lhe se este se sentia bem.
De repente, vindo do elevador surge um senhor de fato e gravata a chamar pela miragem do “tapeteiro aéreo” (nome com que o haviam apelidado).
“Diana” foi o que o fez como que sair de coma – consciente mas atordoado. Era o nome da sua falecida mulher…era o nome daquela mulher…
Já só conseguiu vislumbrar o homem e a mulher abraçados antes de o elevador o transportar para terra firme, pensava ele. Mas a lembrança de todo aquele curto momento não o largava. Tal e qual uma carraça, só que esta não lhe provocava febre mas sim um naufrágio, em que ele se afogava em whisky.
Depois da sua mais que tudo falecer, refugiou-se naquela pequena cidade, onde vivia com a memória do passado e a aliança que nunca tirava do dedo. Fazia uns biscastes e recentemente decidiu entrar no mercado da nova descoberta – os tapetes voadores.
As pessoas adquiriam-nos essencialmente para viajar, embora, já tenha sido provado, numa concentração de tapetes voadores, que até futebol dá para jogar em cima deles.
Por esta altura, a cidade andava em festa, viam-se fitas coloridas por todo o lado, e de noite, as luzes dos carrosséis, iluminavam a vista das crianças, enquanto que os adultos eram guiados pela música.
Foi no meio daquela agitação que o “tapeteiro aéreo” avistou Diana e o homem do outro dia, a quem ela continuava abraçada.
Ela também o viu e pediu-lhe que voltasse a ir a sua casa pois queria comprar-lhe um tapete voador.
Que fazer? Ir ou não ir? Quem será aquele homem que a acompanha? – Estas e tantas outras questões inundavam a cabeça do vendedor.
Um dia lá agarrou a coragem e foi a casa de Diana. Desta vez convinha conseguir dizer algo…
- Boa tarde. Aqui estou como me tinha pedido. – disse o vendedor um bocado atrapalhado.
- Olá! Faça o favor de entrar. – cumprimentou-o Diana com um sorriso no rosto.
- Quer então comprar um tapete voador…
- Sim quero. E…se não se importasse gostava que viesse experimentá-lo comigo.
- C-claro! Vamos então escolher um. Tenho aqui uns que acho que vai gostar…
Depois de algum tempo a conversarem e a decidirem o tapete voador que Diana ia comprar, partiram para um sítio sugerido por ela. Um sítio onde o silêncio era rei.
Pela primeira vez, em muitos anos, Joaquim, o “tapeteiro aéreo”, sentiu-se em paz; encontrava-se no local perfeito, com uma mulher de fazer inveja às deusas.
No meio da conversa perguntou-lhe, indirectamente, quem era o homem que no outro dia havia ido ao apartamento dela.
- É meu irmão. Ele vive um bocado longe daqui e veio-me visitar na altura da festa. E…a sua mulher como é que se chama? – questionou-o apontando para a aliança dele.
- Eu não sou casado, já fui…a minha mulher morreu. Eu uso a aliança porque nunca me consegui desligar do passado e acho que também como forma de penitência e de solidão.
Joaquim já há muito que não falava tão abertamente sobre o que lhe ia na alma e estar a fazê-lo com uma estranha deixou-o envergonhado.
- É melhor irmos embora… – disse ele.
- Vamos ficar mais um pouco, por favor, estou a adorar falar consigo.
- Trate-me por tu, se faz favor.
- Quando você também o fizer… – disse Diana a sorrir.
Que sorriso tão lindo, que calma infinita estava a invadir Joaquim.
Queria dizer-lhe o que ela lhe fazia, mas por outro lado ainda estava demasiado agarrado ao seu passado e à sua solidão. E, além disso, não conseguia encontrar palavras para se exprimir. Nem palavras nem coragem. Então, de repente, ela aproximou-se mais dele e beijou-o.
- Desculpe mas já não aguentava mais… Estar aqui consigo faz-me sentir maravilhosamente bem! – revelou Diana.
Estaria o pobre de alma “tapeteiro aéreo” preparado para aquilo? Estaria ele disposto a pôr definitivamente tudo para trás e começar de novo? Seria aquele homem capaz de dar a tão linda mulher tudo o que ela merecia? Às vezes os sentimentos não bastam…
- Eu quando te vi pela primeira vez parecia que ia desmaiar de tanta emoção…porém não sei se estou à tua altura. Eu não sou ninguém, sou só um simples homem dominado pela dor. – confessou Joaquim.
- E eu uma simples mulher que quer apagar essa dor, se tu a isso estiveres disposto.
Como ainda não chegava o silêncio daquele local, juntou-se-lhe o silêncio entre Joaquim e Diana. Finalmente interrompido pela sugestão ou quase “ordem” de se irem embora, porque estava a ficar tarde, por parte do vendedor.
Já a caminho do apartamento dela foram assaltados por dois homens. Apareceram por trás deles também num tapete voador. Um dos homens saltou para o tapete deles e agarrou-a sem Joaquim se aperceber. Quando este se deu conta do que estava a acontecer já a sua miragem estava a ser ameaçada com uma faca.
- Passa para cá dinheiro ou então vais ver o sangue desta pérola jorrar! – ameaçou o assaltante que empunhava a faca.
- Tenham calma, por favor, eu dou-vos o que quiserem – proferiu Joaquim ao mesmo tempo que botava a mão à carteira à procura de dinheiro – Tomem aqui está o dinheiro. Agora larguem-na, por favor.
- É toda tua! Adeus. Foi um prazer! – despediram-se os assaltantes em tom de gozo.
- Estás bem? – perguntou Joaquim – Tive tanto medo que te acontecesse alguma coisa de mal!
- Eu estou bem, obrigado. Muito obrigado.
Joaquim ergueu a mão para a roçar no rosto de Diana, e foi então que a aliança reluziu, causando à mulher um enorme desconforto.
- Quando estiveres disposto a deixar o passado e construir um futuro, avisa-me – disse ela ao mesmo tempo que se afastava da mão daquele homem.
- Deves pensar que é fácil! – afirmou ele irritado – Vamos mas é embora!
Não trocaram uma palavra o resto do percurso e nem sequer quando cada um foi para seu lado.
Dias, semanas, quem sabe meses, se passaram sem que Diana abandonasse o pensamento de Joaquim. Tivera medo de a perder no assalto, mas agora é que a estava a perder por completo. E ele sabia o que era perder alguém…
Por isso, decidiu procurar Diana. Foi ao seu apartamento onde, depois do espanto, ela o recebeu dizendo:
- Vens vender outro tapete?
Ao que ele respondeu:
- Não venho vender nada. Venho abrir-te as portas do meu coração.

terça-feira, abril 29, 2008

futuro...


Fiz 18 anos no domingo. Ainda sou uma miúda mas já vivi muito, não demasiado, contudo o suficiente para saber que a vida tem todas as cores do arco-íris e todos os trovões do mundo.
Tenho uma infinidade de arco-íris e de trovões para ver e sentir, ou recordar e chorar. Sei que sou amada. Sei que quero ser amada. Mas sei também que quero que me deixem em paz, sozinha comigo, sem alma.
Sou um ser do mundo e acha-o muito pequeno porque não quero nada dele. Mas sei que ele me vai dar o mundo.
Sei, porque sei! Sei, porque o sinto! Sei, porque o mundo é meu!

domingo, abril 20, 2008

Lágrima


Lágrima fugidia
Quente e acolhedora
Um ápice de dor
Na água da pureza

Sabor popular
Como o daquele doce
Comido um dia.
Sabor fraternal
A lágrima do dia-a-dia.

sábado, abril 12, 2008

voar para longe


Voar para bem longe. E ficar mesmo aqui.
Sentir o beijo das palavras. O vento a acariciar-me ternamente. A música embalando os meus pensamentos. Parece delicioso. É delicioso. Talvez feérico.
Fecho os olhos por um instante. A imagem escura substituída por um mar que jaz na memória; com um cheiro que aromatiza a alma. Um imbróglio de sensações que parecem tocar suavemente, arrepiar e confortar.
Mas não passa de passado, intensa e mentalmente revivido. Continuas longe ou perto. Não sei. Perdi a noção do espaço. Sei porém que me encontro aqui sentada na penumbra, a pensar no estrangeiro do meu coração, em que de repente te tornaste.
Vem ou volta para mim! Molha-me como a chuva! A água se confundirá com as lágrimas. E todas as gotas eu guardarei preciosamente. Uma lembrança de ti, uma melancolia para mim.
Agradáveis palavras essas de ouvir; de proclamar e sentir. E abraçar e fugir. E voltar!
Na vida que não cessa de surpresas, tu és a minha maior surpresa. Dia após dia, mês após mês, ano após ano, te encontro transfigurado em alguém tão sempre familiar. Abraço-te sem saber quem estou a abraçar. Um desconhecido ou a minha pedra nuclear?! Olho-te e não sei o que me acontece. Como diz o outro, talvez seja feitiço… Manténs-me perto, longe. Presa a ti por muito distante que estejamos.
Cair em ti parece destino. Conhecer-te foi destino. Mas o que é o destino?!
Um sussurrar bloqueia-me os movimentos. Aprazível sussurrar. Leva-me com ele nas partículas serenas do som. Vejo rostos. Não passam disso. Não encontro alguém que me faça lembrar de ti. Não te encontro a ti. Regresso ao meu eu e sorrio. Ouço alguém chamar por mim. Certamente não és tu. Mas sim um daqueles rostos, que carrega o meu sorriso…
Tu também já o carregaste tantas e tantas vezes… Agora recebes uma parte suburbana do meu ser. Sei que é confuso, difícil de entender, mas também não é isso que anseio. Queria simplesmente sentir-me próxima de quem nunca me consigo abstrair.
Proteger-te e acompanhar-te, como o peluche que todas as noites vigia os teus sonhos. Dás-lhe a mão e tranquilamente adormeces…ou choras… Essa lágrima tormentosa, me magoa e estripa, na impotência de mutilá-la do teu rosto. Não queiras que não me sinta mal por não ser sempre o ombro que precisas! Lamento tanto cada lamento calado! Mas com isso fui aprendendo como as palavras são bonitas. Foi contigo que a vida me ensinou muito. Foste tu.

sábado, abril 05, 2008

calmo pecador


Calma, tal maré que embala
As suas naus amadas
Com mil beijos no casco.
Navegando eu vou
Neste mar só meu!
Não tenho medo.
Não tenho pressa.
Sofro da serenidade
Dos dias de céu azul,
E soalheiro, da sua brisa suave
Que me acaricia o corpo.

Vento divino que me rodeia.
Divina não sou,
Nem quero ser.
Corta-me a respiração
Os momentos de terríveis,
Impuros prazeres.
E eu já nem respiro.
Vivo pela graça dos pecadores
Que em paz o são.

Mendigo da esquina,
Rosto da fama.
Somos um só.
Os dois um santificado pecador
Puro de pecados.
E de pecados puros.

sábado, março 29, 2008

memórias


Noite de lua cheia,
tu no meu pensamento.
Por mais que não queira,
profundo desalento.

Águas passadas;
incontroláveis saudades;
rasto de pegadas
aqui nesta cidade.

Águas passadas
nadar ou afogar?

Incontroláveis saudades
Até à eternidade.

Rasto de pegadas,
importantes demais,
para serem apagadas.

Trilho difícil,
talvez impossível.
Mas muito apetecível.
Irresistível.

quarta-feira, março 12, 2008

Ser ninguém



Não sei ser poetisa.
Voo com as palavras
Pela ponta de uma caneta
Num tempo qualquer,
Num instante de euforia.

Sinto pelas palavras.
Ai, se sentissem como eu sinto
A palavra amor, dor e cor,
Seriam Homens de alma poética,
De consciência artística
Sem artista ser.

Escrever é como gritar…
É dizer coisas sem nexo.
Sentir-se só,
Ouvir o eco impresso no papel.
Escrever é a liberdade
De quem se sente preso.

E eu presa me sinto.
Amarrei-me sozinha,
Num efémero delírio
De um génio ignorante.

Não sei ser alguém.
Sou só as palavras aqui escritas,
Os sentimentos sufocados,
A alma de ninguém.

quarta-feira, março 05, 2008

Fodasse


Vamos foder a vida?
Antes que ela nos foda a nós…
É difícil mas juntos a foderemos
Tão bem que ela irá gemer de prazer.
E nós rir-nos-emos cinicamente
Com um sorriso maléfico de quem
Se Deus acha, ou neste caso, Satanás.

Fodasse para o belo pôr-do-sol!
Fodasse para os passarinhos a chilrear!
Fodasse para a amizade!
Fodasse para ti! E para mim!
E fodasse ainda para o amor!
Que esse sim, fode-nos bem!
E nós nem conseguimos reagir.

Fodasse para o carinho!
Fodasse para a ternura!
Fodasse para as lindas palavras!
Fodasse para as saudades!
Fodasse para o coração!
Fodasse para o romantismo!
Fodasse que eu já me fodi!

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Talvez, um dia...


A minha dor és tu,
Meu anjo de asas brancas,
Que voas para longe de mim,
E continuas tão perto!

Consigo ouvir a tua voz,
Única e maravilhosa;
O teu sereno olhar
No qual eu me afundo.

A minha vida és tu.
A tua ausência uma tortura,
A tua presença um tormento
E tu, uma necessidade.

Eu preciso de dizer que te amo!
Amei-te! Nunca deixei de te amar!
E a todos os instantes te amo
Com a pureza do primeiro amor.

A minha fraqueza és tu.
Meu sangue corre turbulento
Ao toque da tua mão
E logo flutuo perdida em ti.

Amor, meu primeiro amor
Dá-me a mão e vamos.
Há algures o mundo
Onde a nossa história pode existir.

A minha maior alegria foste tu.
Hoje, os beijos de antes chegam saudosistas
Envoltos em momentos de ontem
Que não são os de hoje, nem irão ser os de amanha.

Adeus amor,
Meu último amor.