domingo, junho 29, 2008

A vida




Em tanques de guerra
Pela luta nos campos de batalha travada
Com espadas de dois gumes
E sangue venenoso,
Erguemos a honra e manchamos as mãos.
Tatuamos o nome dos rivais
No corpo nu de esperança.
E em seguida lavamos o rosto e somos outros.
Renascemos das cinzas,
Mas continuamos a servir a vingança,
De quem nunca se olhou a si mesmo.

Para sentir, pegamos na arma e disparamos.
Bebemos o sangue, sedentos de poder.
Gememos deliciados.
Controlamos as rédeas da vida
Ao mesmo tempo que olhamos para cima
E lá não vemos ninguém.
Estamos no topo, podemos ejacular
E dar continuidade ao legado de arrogância.

Depois recolhemos as feridas e partimos
Para sarcasticamente dizer “ADeus”

quarta-feira, junho 11, 2008



Letras num papel impressas
Que se habituaram ao meu olhar,
Ao meu toque incessante.
Leio-as e percebo o seu relato
De um futuro ante-previsto.
Escrevias que me perdeste.
Procuraste manter viva a chama,
Ou pelo menos a faísca,
De uma louca amizade,
Mas as palavras cumpriram o seu destino.

Perdemo-nos na distância,
Destruidora de febris laços
Que apagou as imagens projectadas
De momentos ainda não vividos.
Os outros ficaram na memória
Porque a esses a distância não chega.

No sufoco de um grito rouco
O teu nome não se libertou da minha boca
Ficou preso no vazio que em mim te pertence.
Nas fotografias eu no teu peito descansava.
Nas cartas a amizade durava.
Na realidade isso não passava de nada.

E eu carrego a mentira no bolso.
Numa carta esperançosa
Que agora me faz desacreditar
E me pesa no olhar.

quarta-feira, junho 04, 2008

Os mendigos da sociedade


O tempo vai e nunca mais volta.
Deixa-nos presos na revolta,
Com a desilusão no olhar,
E a glória na imensidão do mar.

O ontem parece que não foi nosso,
O hoje é só um fraco esboço
De um futuro pressuposto
Nas amarguras de um rosto.

Somos um compasso da música.
Desafinamos toda a acústica
Somos os mendigos da cidade,
As vítimas da sociedade.