quarta-feira, outubro 11, 2006

Um buraco negro


Parei uns segundos e ansiei poder tocar-te. Não sei onde estás nem se te conheço ou alguma vez irei conhecer. Mas queria agora mesmo um abraço teu. Repousar em ti e descansar um pouco deste turbilhão de pessoas, de sentimentos e medos. Por um momento largar a armadura e ficar desprotegida na segurança das tuas mãos.Hoje preciso de ti. Sinto-me frágil. Um pouco desamparada. Quem sabe esgotada. Não, esgotada não. Porque amanhã irei colar mais uns sorrisos na cara de alguém. Ouvir mais umas gargalhadas sonoras. Ver umas lágrimas que o riso causou. E rir eu também de um número elevado de atrocidades que acabei de dizer.Agora queria simplesmente uma pausa acolhedora. Dizer-te algo sem significado e adormecer. No dia a seguir acordar e já não te ter ao meu lado para não te olhar nos olhos e não sentir vergonha por me teres visto tão fraca.Mas talvez o que nós queremos não seja o que nós queremos. E o que nos dão não é o que precisamos. Tal como um enigma sem solução. Ou um átomo a mais.Uns minutos passaram e agora sorrio ironicamente por isto que escrevi. Não consigo definir a sensação que me assola o coração quando entro no buraco negro da escrita. Lá ou aqui, é como se eu estivesse num esconderijo meu para onde sou absorvida. Um esconderijo só meu em que ninguém me acha. Significados que vou encontrando e admirando, um recanto há muito conhecido e uma surpresa. Um dicionário sem a palavra dicionário e o mundo deixou de fazer sentido. Só num momento.

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