sábado, abril 12, 2008

voar para longe


Voar para bem longe. E ficar mesmo aqui.
Sentir o beijo das palavras. O vento a acariciar-me ternamente. A música embalando os meus pensamentos. Parece delicioso. É delicioso. Talvez feérico.
Fecho os olhos por um instante. A imagem escura substituída por um mar que jaz na memória; com um cheiro que aromatiza a alma. Um imbróglio de sensações que parecem tocar suavemente, arrepiar e confortar.
Mas não passa de passado, intensa e mentalmente revivido. Continuas longe ou perto. Não sei. Perdi a noção do espaço. Sei porém que me encontro aqui sentada na penumbra, a pensar no estrangeiro do meu coração, em que de repente te tornaste.
Vem ou volta para mim! Molha-me como a chuva! A água se confundirá com as lágrimas. E todas as gotas eu guardarei preciosamente. Uma lembrança de ti, uma melancolia para mim.
Agradáveis palavras essas de ouvir; de proclamar e sentir. E abraçar e fugir. E voltar!
Na vida que não cessa de surpresas, tu és a minha maior surpresa. Dia após dia, mês após mês, ano após ano, te encontro transfigurado em alguém tão sempre familiar. Abraço-te sem saber quem estou a abraçar. Um desconhecido ou a minha pedra nuclear?! Olho-te e não sei o que me acontece. Como diz o outro, talvez seja feitiço… Manténs-me perto, longe. Presa a ti por muito distante que estejamos.
Cair em ti parece destino. Conhecer-te foi destino. Mas o que é o destino?!
Um sussurrar bloqueia-me os movimentos. Aprazível sussurrar. Leva-me com ele nas partículas serenas do som. Vejo rostos. Não passam disso. Não encontro alguém que me faça lembrar de ti. Não te encontro a ti. Regresso ao meu eu e sorrio. Ouço alguém chamar por mim. Certamente não és tu. Mas sim um daqueles rostos, que carrega o meu sorriso…
Tu também já o carregaste tantas e tantas vezes… Agora recebes uma parte suburbana do meu ser. Sei que é confuso, difícil de entender, mas também não é isso que anseio. Queria simplesmente sentir-me próxima de quem nunca me consigo abstrair.
Proteger-te e acompanhar-te, como o peluche que todas as noites vigia os teus sonhos. Dás-lhe a mão e tranquilamente adormeces…ou choras… Essa lágrima tormentosa, me magoa e estripa, na impotência de mutilá-la do teu rosto. Não queiras que não me sinta mal por não ser sempre o ombro que precisas! Lamento tanto cada lamento calado! Mas com isso fui aprendendo como as palavras são bonitas. Foi contigo que a vida me ensinou muito. Foste tu.

5 comentários:

Jorge P. Guedes disse...

Olá!

Vindo do blogue da Carla, quis hoje passar por um espaço de pessoa jovem, que eu já conto fifty-five...

E não é que encontrei uma jovem que sabe escrever, e bem?!
Os meus parabéns, já que como professor de Português e Inglês/ Alemão, yenho que me congratular com os jovens que escapam à mediocridade crescente do ensino, com o consequente reflexo nas aprendizagens.

Um bjnh.
Jorge P.G.

Enfim... disse...

um momento romantico :)

beijinhos
Boa semana

Carla disse...

que dualidade de sentimentos que te faz crescer
lindo minha menina poeta
beijinhos

Anónimo disse...

Oi, cheguei até aqui através do blog de Nilson Barcelli (grande poeta!!)...a procura de vida inteligente, e olha, tenho encontrado. Como aqui.
Escreves muito bem, algumas frases se me escaparam, mas não vou tecer nenhuma consideração crítica (aos dezessete, conversas de "quarentões" soam, como se diz aqui no Brasil, verdadeiras babaquices..rsrs)..
O caminho é esse..
Boa sorte.
Te aguardo na minha trama...
Bjs!!

Nilson Barcelli disse...

Gostei de ver o elogio de um professor de Português (mocho-real). Continua, por isso.

Esta carta é triste, mas nem por isso deixa de ser bonita.

Bfs, beijinhos.